Viver de Quadrinhos: Conheça artistas que conseguiram!

Por: Carol Cunha 25 de junho, 2021

Viver de quadrinhos é uma possibilidade profissional concreta para quem deseja entrar no mercado artístico, com opções que abrangem tanto o mercado nacional quanto internacional.

Crescimento

Antes de tudo, o crescimento da área de quadrinhos é notável já faz alguns anos. Nesse sentido, livrarias e sites de vendas têm seções inteiras dedicadas a HQs. Bem como sites de financiamento coletivo como Catarse permitem a publicação de projetos de quadrinhos de vários gêneros distintos. 

Do mesmo modo, empresas, como a Chiaroscuro, são especializadas em agenciar desenhistas, arte-finalistas, roteiristas, coloristas para o mercado estrangeiro.  E, ao mesmo tempo, isso não se restringe apenas aos Estados Unidos. Consequentemente, outros países vêm abraçando o trabalho de brasileiros em seus mercados, como, por exemplo, a Europa e a China, se tornando outra opção viável para se viver de quadrinhos.

Acessibilidade

Eventualmente, o advento tecnológico tornou a produção de HQs acessível aos leitores por meio de computadores, smartphones ou tablets. Isso, enfim, possibilitou tanto uma consolidação do mercado de autores independentes quanto maior inclusão de artistas no âmbito internacional.

Atualmente, alguns artistas que querem viver de quadrinhos publicam através de sites próprios, como, por exemplo, Carlos Ruas, de Um Sábado Qualquer. Por outro lado, outros se utilizam de plataformas como Tapas ou Social Comics para disponibilizar seus trabalhos.  

Artists’ Alleys

Frequentemente, diversos eventos permitem, através de seus Artists’ Alley, uma visibilidade desses artistas que buscam viver de quadrinhos. Como, por exemplo, o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, a Bienal de Curitiba, a CCXP – Comicon Experience e a Feira de Quadrinhos da Casa

Para quem, portanto, não conhece o termo: Artists’ Alley ou Beco dos Artistas surgiu originalmente nos eventos de quadrinhos internacionais. São, em suma, espaços onde os artistas disponibilizam a venda de seus produtos.  E, do mesmo modo, criam uma aproximação direta com o público consumidor de HQs.  Além de outros produtos originais, como, por exemplo, pôsteres, postais, bottons, cards, criações dos próprios artistas.

Antes da pandemia de Covid 19, o Artists’ Alley era, em outras palavras, um espaço físico para as mesas onde os profissionais expunham seus produtos. Com a necessidade de distanciamento social, surgiram, portanto, versões virtuais nas quais os produtos estão em lojinhas online.

Levando em consideração todos esses fatores, selecionamos, assim, alguns artistas brasileiros que conseguem, enfim, viver de quadrinhos.

Cris Peter

Viver de Quadrinhos

Embora seja conhecida especialmente por seu trabalho como colorista de quadrinhos, ela é, igualmente, roteirista e autora de livro técnico da área. Como colorista já trabalhou para o mercado americano, em grandes editoras tanto como a Marvel quanto a DC Comics.

Nesse ínterim, ela foi a primeira brasileira a ser indicada por sua colorização na série de HQ americana Casanova. Também ganhou, então, o Troféu HQ Mix, em 2016 e 2017.

Do mesmo modo, seu trabalho com cores não se restringe apenas ao mercado internacional. No Brasil, ela firmou parceria com Danilo Beyruth na série do Astronauta no selo Graphic MSP. Assim como outro trabalho nacional de destaque é o álbum Pétalas, financiado via Catarse, com roteiro e desenhos de Gustavo Borges.

Ela escreveu o livro O Uso das Cores, também financiado pelo Catarse. Este se tornou referência teórica para aqueles que desejam aprender como trabalhar com cores nos quadrinhos e ilustrações, principalmente utilizando suportes digitais.

Como roteirista, ela escreveu a série autoral de fantasia, Patas Sujas, com ilustrações de SulaMoon e Erica Awano, em parceria com o coletivo Estúdios Complementares. Também roteirizou a história Quimera, que saiu pelo selo Pagu Comics.

A Casa dos Quadrinhos já convidou Cris Peter como palestrante em duas ocasiões. Ela também nos cedeu uma entrevista falando sobre sua carreira e processo criativo.

 

Eber Ferreira

Viver de quadrinhos

 Eber é  arte-finalista de renome, cujos principais trabalhos foram publicados pela DC Comics. Um dos grandes destaques em sua carreira foi título Nightwing (Asa Noturna), parte do bombástico arco A Noite das Corujas, o principal crossover de 2012 das revistas do universo do Batman.

Eber também é famoso por sua parceria com Ivan Reis na revista do Aquaman, em uma série de histórias que reconhecidamente revitalizou o personagem. Isso muito antes do filme estrelado por Jason Momoa fazer sucesso no cinema. 

Ele é ex-aluno da Casa dos Quadrinhos e chegou a realizar trabalhos através do estúdio vinculado à escola, o Big Jack, atualmente rebatizado de Ghost Jack. A obra mais conhecida junto ao publico deste período foi a minissérie Fahrenheit 100º. Além de aluno, ele ministrou várias oficinas de arte-final para a nossa escola.  

Ele também é um artista premiado internacionalmente. Eber já recebeu o Inkwell Awards, por vezes abreviado para The Inkwells, que é um troféu dado no campo de arte-final em quadrinhos americanos.

Lu Cafaggi

Lu Cafaggi é, possivelmente, uma das mais conhecidas e admiradas quadrinistas brasileiras da atualidade, graças aos seus trabalhos nas séries Graphic MSP Turma da Mônica: Laços, Lembranças e Lições. Sendo que a primeira delas se tornou um filme live action em 2019, e, sua continuação, Lições, está em processo de filmagem.

Em 2011, publicou sua primeira HQ Independente, Mix Tape – cujo formato lembra propositalmente uma fita cassete. Mix Tape concorreu ao Troféu HQ Mix nas categorias Novo Talento – Desenhista e Publicação Independente Edição Única.

Contudo, posteriormente, ela ganhou o Troféu HQ Mix, por seus trabalhos em Turma da Mônica – Laços e Turma da Mônica – Lições.

Lu se formou em jornalismo e também foi uma das fundadoras do site Lady’s Comics, que discutia sobre o papel da mulher (personagens e autoras) no mundo das HQs. O Lady’s Comics foi referência na área enquanto esteve na ativa.

Ela ministrou pela Casa dos Quadrinhos, um curso de imersão chamado Oficina de Processos Mentais, no qual ela demonstrou e ensinou como funciona seu processo criativo.

Além dos trabalhos com a Turma da Mônica, suas publicações para a editora Nemo: Quando Tudo começou e O Mundo de Dentro, ao lado de Bruna Vieira.

Atualmente ela está preparando mais uma Graphic MSP com a comilona Magali como personagem principal.

Márcio Fiorito

Fiorito é desenhista de quadrinhos, assim como ilustrador. Ele está em atividade tanto no mercado nacional quanto internacional há cerca de vinte anos.

Iniciou sua carreira como desenhista exclusivo da editora Dynamite Entertainment. Para a empresa ele trabalhou em diversos títulos, dos quais podemos destacar a série Army of Darkness, a qual tinha como base os clássicos filmes de terror da série Uma Noite Alucinante/A Morte do Demônio de Sam Raimi. Ele também foi responsável pela adaptação de quadrinhos da famosa série de livros Wheel of Time de Robert Jordan. Outras editoras para as quais trabalhou foram a Titan Comics e a Lion Forge Comics.

Além de comandar as masterclasses durante a CCXP, o maior evento de cultura geek da América Latina, Fiorito é professor do Curso Técnico e Desenho Artístico da Casa dos Quadrinhos. Ele também já participou de podcasts de sites como Terceira Terra e MDM.

Fiorito também desenhou revistas para a Marvel Comics como Marvel Action Avengers, X-23 e a edição especial The Vitals: True Nurse Stories, história em quadrinhos sobre os profissionais de saúde estão na linha de frente no combate ao COVID 19.

Vitor Cafaggi

Vitor, assim como sua irmã, Lu, é um dos mais reconhecidos e amados quadrinistas brasileiros da atualidade, especialmente por seus trabalhos nas séries Graphic MSP Turma da Mônica: Laços, Lições e Lembranças. Assim como pela série semi autobiográfica Valente que conta as desventuras do personagem de mesmo nome. Um cachorro nerd, vivendo desventuras amorosas, em um mundo antropomorfizado.

Vitor se formou em Desenho Industrial com habilitação em Design Gráfico pela Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG.  Ele também foi professor da Casa dos Quadrinhos.  

Ele despontou no mundo dos quadrinhos com a webtira Puny Parker, que narrava a infância do seu herói favorito, Homem-Aranha. Esse foi o primeiro passo para outros trabalhos de destaque, como a história estrelada pelo Chico Bento na coletânea Maurício 50 anos. E a participação nos álbuns Pequenos Heróis e Futuros Heróis, com roteiros de Estevão Ribeiro. Vitor já ganhou diversas vezes o Troféu HQ Mix. Ele também lançou a publicação independente, Duo.tone. Atualmente está trabalhando na Graphic Novel MSP Franjinha – Contato, com pequeno cientista criado por Maurício de Sousa como destaque.

Vitor Cafaggi falou sobre sua carreira em um bate papo com Sidney Gusman na Feira de Quadrinhos da Casa. O vídeo está disponível no canal do You Tube da Casa dos Quadrinhos.


Conclusão

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