Design Rosa: A história da Barbie e a importância da cor

Por: Carol Cunha 28 de julho, 2023

Roupas e acessórios em design rosa são marcas registradas da Barbie. Mas nem sempre foi assim. Conheça aqui um pouco da história da cor e sua relação com uma das bonecas mais famosas do mundo.

A História do Rosa

Para quem estuda pintura, design e áreas correlatas, atualmente, a cor rosa – que é uma junção entre o quente (vermelho) e o frio (branco) – evoca alguns significados específicos na Psicologia das Cores. Ela remete a aspectos de feminilidade, calma, relacionamento, afeto e outros. Ela evoca sensações como amabilidade, delicadeza, gentileza, sensibilidade e juventude.

Contudo, a cor rosa passou por várias ressignificações no decorrer dos séculos.

Antes de tudo, o rosa alcançou popularidade pela primeira vez no século 18, na corte francesa. Isso devido a uma nova fonte de corante que proporcionava uma tonalidade mais vibrante e duradoura aos tecidos. Inicialmente, essa cor era utilizada tanto por homens quanto por mulheres.

Entretanto, conforme os corantes rosas se tornaram mais acessíveis à classe trabalhadora, a cor perdeu sua associação exclusiva com riqueza e prestígio. Gradualmente, o rosa deixou de ser um símbolo exclusivo das classes mais abastadas e se tornou amplamente difundido entre pessoas de diferentes origens sociais.

Antes de 1900, o rosa não era sinônimo de feminilidade, felicidade ou meninice, como é comumente atribuído hoje, em parte devido à influência da Barbie. Na verdade, o rosa era uma cor masculina, evocando uma sensação de poder e força, associada ao aspecto militar e ao sangue.

Foi somente na década de 1920 que as lojas de departamentos dos EUA arbitrariamente reivindicaram o azul para meninos e o rosa para meninas. As conotações femininas atribuídas ao rosa realmente ganharam popularidade no período pós-guerra. Os anunciantes começaram a codificar o rosa e o azul como cores específicas para meninas e meninos.

No entanto, foi necessário algum tempo para a sociedade se ajustar a essa ideia. Até que as pessoas, ao longo das gerações, se acostumassem com a ideia de ver o rosa como uma cor feminina e o azul como uma cor masculina.

A História da Barbie

A influência duradoura da Barbie na moda do mundo real é, sem dúvidas, um reflexo direto de Ruth Handler, a mulher que criou essa icônica boneca. Com a Barbie, Handler deu às meninas a oportunidade de sonhar com seus futuros. Seja se tornando astronauta, médica, modelo ou qualquer outra profissão que almejassem. E a boneca tinha uma variedade de roupas para combinar com esses sonhos.

A primeira boneca Barbie, lançada em 1959, exibia um rabo de cavalo alto, rosto com maquiagem e olhos com pálpebras definidas. Ela vinha igualmente com um maiô preto e branco sem alças e óculos de sol pretos com lentes azuis. As roupas adicionais eram notavelmente femininas, versões em miniatura de roupas que uma mulher adulta adoraria vestir.

Se você observar as primeiras embalagens da Barbie, o design rosa era apenas uma cor em meio à extensa paleta da boneca. A caixa da primeira Barbie apresentava um design multicolorido em um fundo branco, com um padrão composto por ilustrações de modelos de bonecas Barbie para todas as ocasiões. Elas usavam trajes dourados, verdes, vermelhos, azuis, pretos, entre outros, mas o rosa era apenas uma das cores presentes, não o destaque exclusivo.

Mesmo os produtos licenciados da Barbie desde o início dos anos 1960 eram de cores diversas. A Barbie da Noite Encantada de 1960 foi um dos modelos mais antigos nos quais o design rosa das roupas se destaca.

Barbie e o design rosa

 Não foi até os anos 70 que a Mattel começou a associar a Barbie com uma paleta de cores descaradamente rosa. A ideia era ampliar o escopo de meninas a comprar a boneca, que antes era voltada para a alta moda, apelando para crianças mais velhas e pré-adolescentes.  Em outras palavras, as meninas mais novas tendem a gostar muito mais de rosa e começaram a desejar uma Barbie bem mais cedo depois dessa mudança.

Além disso, os Estados Unidos estavam passando por um período conturbado e apelar para cores como o rosa, alegres e vibrantes, era uma maneira de contrabalancear o clima pesado que viviam. Inclusive, o mesmo pode-se dizer do período atual da pós-Pandemia, no qual o movimento da moda Barbiecore veio com tudo influenciando tanto as roupas de famosos quanto de pessoas comuns.

Assim, ao longo dos anos 70, a associação da marca Barbie com o design rosa tornou-se tão vital para sua identidade quanto qualquer outro aspecto. Essa estratégia de marketing provou ser incrivelmente poderosa para a marca Barbie.

O Barbie Pink

De fato, o rosa tornou-se tão intrínseco à marca Barbie que ela possui seu próprio tom Pantone: o PMS 219C. Popularmente conhecido como “Barbie Pink”, esse magenta vibrante se tornou uma característica distintiva da marca. Um representante da Mattel afirmou que essa cor é uma marca registrada da Barbie há décadas e que a empresa registrou marcas comerciais incorporando o rosa desde pelo menos 1998.

A tonalidade Barbie Pink da Mattel é frequentemente mencionada como um exemplo de cor de marca registrada – um tom específico que somente a Barbie tem o direito exclusivo de utilizar em seus produtos. Embora não seja um fenômeno único, é uma ocorrência rara no mundo das marcas, reforçando ainda mais a importância do rosa na identidade e no reconhecimento da Barbie.

Desse modo, o design rosa associou à Barbie a todos aqueles significados que se tornaram intrínsecos à cor no decorrer das décadas. Sinônimo do que é ser feminino e ser mulher.  Ideias que foram adquirindo novos significados nos últimos tempos, o que é especialmente visível para quem assistiu ao live action da boneca.

Assim, a marca Barbie, com seu design rosa, perpetua os significados e símbolos que se entrelaçaram com a cor ao longo das décadas. Ela personifica não apenas um brinquedo, mas também um ícone cultural, que abraça a diversidade, a criatividade e a capacidade de sonhar sem limites, refletindo valores eternos que ressoam no coração de suas seguidoras e seguidores.