Conheça mulheres destaque na cultura POP

Por: Carol Cunha 4 de março, 2022

A cultura pop possui, atualmente, uma vasta e variada presença de grandes mulheres criadoras de conteúdo. Jill Thompson, Rebeca Prado, Carol Rossetti, Cris Peter, Germana Viana, Adriana Melo são um ínfimo exemplo de tantas desenhistas, roteiristas, ilustradoras que trazem sua visão única para a cultura pop.

Houve uma época, contudo, que a presença feminina não era tão marcante, e, portanto, muitas pioneiras precisaram abrir caminho para que as mulheres pudessem ter voz mais presente e ativa dentro do mundo da cultura pop.

Para quem quer começar a conhecer artistas femininas e sua trajetória na cultura pop, destacamos três grandes quadrinistas para serem um ponto de partida e atiçar sua curiosidade sobre esse vasto mundo de contribuições femininas.

Trina Robbins

Comecemos com uma das mais maiores pioneiras e divulgadoras dos quadrinhos criados por mulheres: Trina Robbins.

Tanto como artista quanto como historiadora, Robbins se envolve há muito tempo na criação e promoção de artistas de quadrinhos femininas.

Pioneira

Dentre as várias contribuições, ela, por exemplo, é a primeira artista de quadrinhos underground feminina.  Os quadrinhos underground foram um movimento artístico dos anos 60 e 70, que buscava uma criação de HQs mais adultas, com temáticas que envolviam política, religião, movimento hippie, entre outros temas, alguns ainda polêmicos.

Trina produziu, com várias outras mulheres quadrinistas a antologia ‘It Ain’t Me, Babe‘ em 1970, a primeira história em quadrinhos underground escrita e desenhada exclusivamente por mulheres. Ela também foi, igualmente, uma das fundadoras do primeiro título de quadrinhos totalmente composto por mulheres e ainda em andamento: Wimmen’s Comix.

Grandes Títulos

Contudo, Robbins não ficou restrita apenas aos quadrinhos alternativos. Do mesmo modo, ela trabalhou para grandes editoras americanas. Por exemplo, em meados dos anos 80, ela escreveu uma série de quadrinhos da personagem Misty para a Marvel Comics. A série retratava as aventuras de Misty, uma aspirante a modelo.

Igualmente, também nos anos 80, ela desenhou a série de quatro edições The Legend of Wonder Woman , com texto de Kurt Busiek. A série tinha como personagem principal a Mulher Maravilha e prestou homenagem às raízes da Era de Ouro do personagem. Trina Robbins foi, portanto, a primeira mulher a desenhar a Princesa das Amazonas desde a criação da personagem em 1942.

Historiadora e Pesquisadora

Entretanto, o talento de Robbins foi para além da criação de quadrinhos. Uma de suas maiores contribuições para a cultura pop são seus livros de não ficção sobre a história das mulheres no mundo das HQs.

Seu primeiro livro, co-escrito com Catherine Yronwode , foi Women and the Comics, uma história de mulheres criadoras de histórias em quadrinhos. Este foi um um dos primeiros livros que publicaram sobre o assunto, e, portanto, teve ampla cobertura tanto pela grande imprensa quanto pela crítica de especialistas no gênero.

Outras de suas obras sobre o assunto são, por exemplo, A Century of Women Cartoonists (1993), The Great Women Superheroes (1997),  The Great Women Cartoonists (2001), entre outros.

Do mesmo modo, visando aumentar a participação de mulheres no mundo das HQs, ela foi co-fundadora da Friends of Lulu . Esta é  uma organização sem fins lucrativos cujo propósito é, em suma, para promover a leitura de histórias em quadrinhos por mulheres e a participação de mulheres na indústria de quadrinhos.

Pelo reconhecimento por sua contribuição, Trina Robbins é membro do Will Eisner Hall of Fame .

Gail Simone

Outra grande artista cuja contribuição e reflexões sobre o papel da mulher na cultura pop são notáveis é Gail Simone. Muitos a consideram uma das mulheres mais influentes da indústria de quadrinhos .

Primeiros Passos

Seu conhecimento por parte do grande público se iniciou através do site Women in Refrigerators , no final dos anos 90. O ponto de partida do site foi uma cena do quadrinho do Lanterna Verde em que a sua namorada foi morta de maneira violenta.

O objetivo do site foi analisar como os autores de HQs e outras mídias escrevem personagens femininas, de maneira a usa-las e usar seu sofrimento, como ferramenta para avançar a narrativa dos personagens masculinos. O site também questionava como era a representação feminina nos quadrinhos e como é possível criar personagens femininas interessantes, bem desenvolvidas e com rico background.  

O amplo sucesso do site, colocou, portanto, Gail Simone em contato com muitas pessoas que trabalham na indústria de quadrinhos.

Simone, enfim, trocou seu trabalho de cabeleira por uma carreira de sucesso como roteirista de HQs.

Principais Trabalhos

Durante um bom tempo ela foi responsável pelas histórias de algumas edições dos quadrinhos dos Simpsons, depois passou a trabalhar com Deadpool em 2003.

Ainda em 2003, ela se tornou responsável pelo título Aves de Rapina, da DC Comics, que apresentava uma equipe feminina: Oráculo, Canário Negro, Caçadora.  A partir daí, sua consolidação na indústria de quadrinhos se tornou efetiva.   

Em 2007, Simone assumiu a tarefa de escrever a Mulher Maravilha a partir da edição nº 14, personagem com a qual o grande público mais a associa.  Até o momento, Simone é a escritora mais antiga da Mulher Maravilha .

Em 2011, Simone contribuiu para The Power Within , uma história em quadrinhos financiada pelo Kickstater que se concentra no bullying adolescente.

Os fãs também associam, por exemplo, dois outros grandes títulos ao trabalho de Gail Simone: Batgirl (DC Comics) e  Red Sonja (Dynamite).

Outras contribuições

Simone escreveu, igualmente, tanto para televisão quanto para videogames. Ela contribuiu com roteiros para séries como Liga da Justiça sem Limites, Batman Ousados e Destemidos e My Little Pony: A Amizade é Mágica. Indicaram seu trabalho para vários prêmios, como por exemplo o GLAAD Media Award, Eisner Award, Harvey Award, True Believers Comic Award e Inkpot.

Marjane Satrapi

Marjani Satrapi nasceu no Irã e posteriormente se mudou para a França. Ela é quadrinsta, caturnista, ilustradora, diretora de cinema e autora de livros infantis. Além de ativista política.

Quadrinhos

A obra que fez com que ela despontasse para o sucesso foi a HQ autobiográfica Persépolis, que descreve sua infância no Irã e sua adolescência na Europa. Persépolis ganhou o prêmio Angoulême Coup de Coeur Award no Festival Internacional de Angoulême. O festival é um dos mais importantes do mundo no que diz respeito à histórias em quadrinhos.

Do mesmo modo, sua publicação posterior, Bordados foi igualmente indicada para um prêmio em Angoulême. Outro trabalho seu, Frango com Ameixas, ganhou o prêmio nesse mesmo festival.

A Comics Alliance listou Satrapi como uma das 12 mulheres cartunistas que merecem o reconhecimento pelo conjunto da vida, mostrando, portanto, a grande importância e contribuição da artista para o meio das HQs.

Cinema

Satrapi e Vincent Paronnaud co-dirigiram a adaptação de Persépolis em um filme de animação de mesmo nome. Ele estreou no Festival de Cannes de 2007 e dividiu o Prêmio Especial do Júri com Silent Light  de Carlos Reygadas .  

O sucesso de Persépolis foi tamanho que indicaram a filme como candidato à Melhor Animação no 80º Oscar em 2008.  Desse modo, Satrapi foi a primeira mulher que indicaram ao prêmio nessa categoria.

Do mesmo modo, Persépolis foi um filme de muito sucesso tanto comercialmente – com mais de um milhão de espectadores só na França- quanto criticamente, ganhando o prêmio de Melhor Primeiro Filme no César 2008 .

Satrapi e Paronnaud continuaram sua colaboração de sucesso com um segundo filme, uma adaptação live-action de Frango com Ameixas ,em 2011.  

Satrapi continuou seu trabalho como diretora de cinema. Alguns de seus trabalhos são, por exemplo, a comédia criminal Gang of the Jotas , a comédia de terror The Voices  e, recentemente, a cinebiografia da duas vezes vencedora do Prêmio Nobel Marie Curie , Radioactive . Este último está presente no catálogo da Netflix.

Conclusão

Depois de conhecer os trabalhos dessas artistas fenomenais, por que não investir na sua própria carreira como artista?

A Casa dos Quadrinhos foi o berço de grandes artistas femininas e de destaque no mercado, como, por exemplo, Rebeca Prado, Carol Rossetti, Mariamma Fonseca, Faw Carvalho, Senhoritas de Patins.

Entre em contato e conheça nossos cursos!