Casa dos Quadrinhos: Dicas de quadrinhos nacionais

Por: Carol Cunha 29 de abril, 2022

A Casa dos Quadrinhos traz para vocês algumas dicas de quadrinhos nacionais, aproveitando que esta semana temos o Dia da Literatura Brasileira. São obras tanto de artistas veteranos na área quanto de talentos mais recentes, capazes de agradar gostos diversos.

Catrinomicon – Diversos Artistas

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Catrinomicon ou Histórias de ninar para crianças psicopatas é uma coletânea de quadrinhos de terror. Foi inspirada nas antigas revistas americanas dos anos 50, como, por exemplo, Contos da Cripta e Eerie. Do mesmo modo bebe da fonte de clássicos nacionais como Kripta e Calafrio e igualmente busca o clima de animações atuais como Gravity Falls e Historietas Assombradas.  

A coletânea tem três Histórias principais: (Es)Trago Seu Amor, Romance Zumbi (que foi um curta feito como TCC da autora do quadrinho ) e O Mistério Alucinante Da Cabana Zumbi. 

O Catrinomicon feito pela nossa professora Carol Cunha juntamente a outros talentosos artistas que foram alunos da Casa dos Quadrinhos como João Bogo, Lucas “Art” Freitas, Ikki Garzon com capa e algumas cores feita pelo igualmente professor da Casa, José Augusto.

Contou também com a participação especial de: Marcio Fiorito, Salomão Hubner, Senhoritas de Patins, Felipe de Mattos, Ramon Lucas, Nanako Nagase e Rebeca Prado.

Estórias gerais – Welington Srbek e Flavio Colin

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Um clássico dos quadrinhos brasileiros, Estórias Gerais traz o roteiro de Wellington Srbek e desenhos de Flavio Colin. A HQ se passa no sertão mineiro da década de 1920, em meio a coronéis e jagunços, disputas entre bandos rivais e estórias fabulosas.

Sberk se atém à tradição de retratar o sertão mineiro de forma poética mas igualmente crua, bebendo de fontes da literatura nacional, como, por exemplo, o excepcional Guimarães Rosa e seu famoso Grande Sertão: Veredas.

O traço expressivo e marcante de Flavio Colin traduz perfeitamente a dureza de se viver no sertão mineiro, em uma época que o que valia era a lei do coronelismo. Em contraponto com alguns sertanejos que desejavam clamar justiça com as próprias mãos.

Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente –  Lourenço Mutarelli

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Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente traz uma história contada em um estilo nada convencional, portanto, bem típico do autor. Contudo igualmente inova ao se aproximar do livro ilustrado. Do mesmo modo, traz texto e imagens que às vezes são desconexos.

Uma tragédia interrompe o casamento antediluviano de um aposentado da Companhia Telefônica. Ele vive acostumado a passar o tempo colecionando fotos antigas e consertando máquinas de costura e de escrever. A morte da mulher, golpeada por uma pedra que arremessaram de um ônibus, abala de tal modo aquela vida metódica que o homem. Ele perde o prumo e passa a oscilar entre a depressão e a violência.

Para, enfim, resgatá-lo do luto e da solidão, o irmão do viúvo o convida para uma pescaria. Contudo o agradável passeio familiar aos poucos é tomado por uma série de acontecimentos estranhos e inusitados. Tudo começa com o desaparecimento do próprio viúvo. Alguns dias depois, o homem é encontrado. E sua sanidade é igualmente posta à prova quando o relato do que fez durante aqueles dias passa a incluir personagens como um ET e os habitantes boêmios de um barco num riacho seco.

Saino a Percurá – Lelis

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Com traços pouco convencionais, uma linguagem próxima da linguagem do povo e texto ritmado mesmo quando não há rimas, Saino a Percurá lembra muito as obras de literatura de cordel. Especialmente a primeira história que dá título ao álbum. Do mesmo modo, temos nas histórias um fundo de crítica social deliciosamente sutil e simultaneamente cáustica.

A história título é de um absurdo incrível. Conta a fábula de um filho de um pato e uma galinha, cujo possível destino certo seria, portanto, a panela. Entretanto, contrariando essa premissa, ele acaba por surpreender a todos que o conheciam. A segunda história, “Neo Liberal”, poderia também se chamar uma tragédia sertaneja. Ou “saindo do fogo para cair na frigideira”. Mostrando, de forma curta, contudo, crítica, a ironia do destino de muitas mulheres do interior, cujas escolhas na vida (ou as escolhas que a vida faz para elas) acabam sempre por levar a um desfecho amargo.

Enfim, a terceira história, “Mudernidades”, é uma crítica sagaz à televisão, ou em outras palavras: ao processo de zumbificação promovido pela TV, especialmente nos membros das camadas mais carentes da sociedade, que volta e meia vivem suas vidas mais pelo que acontece com os personagens de uma novela ou de um programa que por aquilo que ocorre em suas próprias vidas.

Sereinha – Flávia Carvalho

Sereinha é uma erê, Iemanjá criou e que vive no encontro do rio com o mar. No dia do seu nascimento, ela recebe um belo presente da natureza. A pequena história de Sereinha é uma forma de celebrar os erês – entidades exclusivamente nacionais de religiões de matizes africanas – e a cultura afrodescendente. A revista em quadrinhos foi lançada em  2018, durante o Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte – MG

Sereinha é, sem dúvidas, uma obra carregada de poesia, tanto em suas rimas verbais quanto em suas rimas visuais. Ela é uma história cheia de delicadeza, que apresenta em um tom de contos de fadas, parte dos ricos elementos da herança brasileira de matiz africana.

 Valente – Vitor Cafaggi



Valente conta a história de um tímido jovem à procura do amor de sua vida. Entretanto esta não é a típica história de amor que se vê nos filmes, seriados e novelas. Mais próxima da realidade, ela mostra, portanto, como os diferentes parceiros que encontramos pelo caminho e todas as experiências que passamos ao lado deles influenciam em quem somos e em quem vamos nos tornar.

Tanto sucessos  quanto fracassos,  tanto alegrias quanto decepções, moldam o caráter do personagem em busca da “garota perfeita”. Enquanto vai atrás de um sonho talvez inalcançável, Valente começa aos poucos a perceber, que, enfim, a pessoa que ele precisa realmente encontrar é ele mesmo.

Conclusão

Nós da Casa dos Quadrinhos, esperamos que tenham gostado das dicas de quadrinhos nacionais vindas diretamente do acervo da nossa biblioteca.

Nossa biblioteca é aberta ao público para consulta e nosso acervo é composto, atualmente, por mais de seis mil volumes entre livros de arte, quadrinhos nacionais e internacionais, revistas, DVDs e edições raras.

Venha visitar a Casa dos Quadrinhos para conhecer estas e outras dicas de quadrinhos nacionais. Também saiba mais sobre nossos cursos e nossas exposições!