Arte para crianças: Como seu ensino influencia o desenvolvimento infantil?

Por: Carol Cunha 14 de janeiro, 2021

Introdução

O ensino de artes para crianças pode trazer diversas vantagens no desenvolvimento infantil, seja cognitivo, intelectual ou emocional. Para quem observa uma criança desenhando, pintando ou manuseando massa de modelar, não existem dúvidas de que essas atividades são divertidas para ela. Entretanto, esse fazer vai muito além do mero entretenimento.

Expressividade

Ilustração: Professora Bella Santana

Por exemplo, o desenho. Ele é a primeira atividade gráfica pela qual nos expressamos simbolicamente na infância. São através dessas ilustrações que a criança traz o seu mundo imaginário para o real. Dessa maneira, ela mostra seus sonhos, suas emoções e suas histórias pessoais. Enfim, a arte se torna um espaço para expressão individual dos pequenos e, portanto, lhes possibilita criar resoluções lúdicas para as frustrações, estresse e conflitos em suas vidas de forma saudável e expressiva. Sendo assim, esses benefícios já mostram o valor da educação artística. Entretanto, existem outros ganhos.

Habilidades Motoras

Foto: Igor Clem

Geralmente, quando pensamos nas vantagens que a instrução artística pode trazer para as crianças, a primeira que nos veem à mente é a possibilidade de se aperfeiçoar suas capacidades motoras. De fato, os processos cognitivos atrelados ao aprendizado artístico, como desenhar com precisão, criar um boneco de massinha, escolher cores e formas, elaborar uma ilustração detalhada auxiliam os pequenos a desenvolverem as habilidades finas motoras associadas a essas tarefas. Portanto, atividades comuns como segurar um pincel e rabiscar com um giz de cera são, sem dúvidas, fatores importantes para desenvolvimento de uma criança. Desenhar, pintar e esculpir nas aulas de arte também ajudam no aprimoramento das habilidades visuais-espaciais.

Criatividade e Pensamento Crítico

Ilustração: Professor Geraldo Araújo

Do mesmo modo, a educação artística auxilia aos pequenos a desenvolverem o pensamento abstrato e crítico. Nesse sentido, ensinando os alunos a dedicarem um tempo para observarem com cuidado o mundo ao seu redor. E, dessa forma, serem capazes de interpretar, criticar e usar informações visuais e como fazer escolhas com base nelas para, através da inventividade, encontrarem opções criativas e originais na resolução de problemas.

Em outras palavras, as experiências artísticas ajudam as crianças no fortalecimento da capacidade de tomada de decisão. Ou seja, uma vez que elas ganham prática em pensar criativamente, isso será naturalmente aplicado para outras áreas de suas vidas, como, por exemplo, em uma carreira futura. Se tornando, certamente, uma habilidade valiosa na vida adulta. Inclusive, segundo alguns estudos, alunos que estudam arte em tenra idade tendem a ter notas mais altas em testes e ter mais sucesso acadêmico mais tarde na vida.

Autoestima e Confiança

Ilustração: Professora Rebeca Prado

Além do mais, isso também influencia na construção da autoestima da criança. Afinal, ao ter consciência da sua capacidade de resolver problemas, ela vai introjetar o sentimento de que, através da concentração, do foco e, principalmente, da perseverança, ela é capaz de encontrar uma solução. Arte é um aprendizado que depende de prática e trabalho árduo. Entretanto, ao mesmo tempo, ensina ao aluno a lidar com a frustração. Á medida que o pequeno melhora e percebe seu próprio progresso artístico, sua autoconfiança aumenta, o tornando, então, automotivado a desenvolver continuamente novas habilidades.

Empatia e Diversidade

Ilustração: Professor José Augusto

Simultaneamente, o aprendizado artístico estimula a aceitação da diversidade e incentiva a empatia das crianças para com os outros. Seja no ambiente de sala de aula, através de trabalhos coletivos, seja apreciando o trabalho dos colegas ou de terceiros. Em outras palavras, a participação em atividades artísticas ensina aos pequenos a adquirirem ferramentas que os possibilitem a compreender a experiência humana que vá além da sua própria. Dessa forma, adaptando-se e respeitando as maneiras de trabalhar e pensar de cada um. Assim como, através da imaginação, ele também pode desenvolver a capacidade de se projetar na experiência alheia, se envolvendo emocionalmente, intelectualmente e empaticamente com a mesma. E, ao absorver isso, pode trazer novas possibilidades para a sua própria atividade de criação.

Conclusão

Em suma, ao ingressar no aprendizado artístico, a criança acaba por adquirir uma gama de competências que a ajudarão não apenas a se formar como um profissional da área, se este for seu desejo, mas, principalmente, a se tornar uma pessoa mais capacitada socialmente para lidar com os desafios da vida adulta.

Ilustração: Professora Rebeca Prado

Texto pela Professora Carol Cunha – formada em Cinema de Animação e Mestre em Psicologia, ambos pela UFMG.