Arte e Saúde Mental: Como a Criatividade pode trazer Bem-Estar
Arte e Saúde Mental: Introdução

Arte e Saúde Mental podem parecer assuntos distintos, mas existe uma relação muito próxima entre elas. Pesquisas já investigam essa associação mútua há anos.
Muitas pessoas ao redor do mundo estão procurando cursos de Arte durante esse período de auto isolamento decorrente da pandemia do coronavírus. Essa é, sem dúvidas, uma maneira de lidarem criativamente com a crise, além de ser uma oportunidade de se expressarem. Em suma, elas buscam um modo de usar seus cérebros para aprender algo que as faça se sentirem bem. Assim como, as ajudem a enfrentar os desafios recentes da pandemia para manter o bem-estar mental.
Mesmo sem a crise atual, existem registros de que problemas de saúde mental, como depressão, estresse e ansiedade, afetam quase metade da população global em algum momento da vida. Desse modo, recorrer à Arte pode ser uma maneira de pensar diferente e rearranjar nossos padrões mentais diante de um obstáculo emocional.
Criatividade, Arte e Saúde Mental

Os seres humanos, desde sempre, são inatamente criativos, como mostram, por exemplo, as pinturas rupestres, nos primórdios da existência da nossa espécie. Sendo assim, desenho e outros tipos de Arte são, portanto, simplesmente parte do instinto humano de se comunicar e se expressar.
As pessoas possuem naturalmente inspiração para desenhar. Começamos ainda na infância com rabiscos “sem sentido”. Em seguida, conforme vamos crescendo, esse ato de fazer Arte progride e se transforma em uma forma de nos expressarmos, mas, do mesmo modo, de colocarmos uma ordem em nosso mundo.
Por isso, várias pesquisas comprovam o fato de que as artes possuem efeitos positivos na saúde mental. A produção artística fornece, enfim, uma solução, cuja base está em evidências científicas, para a promoção de um bem-estar emocional e psicológico. Existe, inclusive, um ramo dentro da psicoterapia que aproxima a Arte e a Saúde Mental. Na arte-terapia, os psicólogos aplicam técnicas artísticas para tratar os pacientes.
Como dissemos, estudos sugerem que a arte-terapia pode ser muito valiosa no tratamento de problemas como depressão, ansiedade, inclusive transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo algumas fobias.
Arte e o Funcionamento do Cérebro

Entretanto, outras pesquisas nos informam que aprender e desenvolver fazeres artísticos fora do contexto terapêutico também podem promover uma melhoria da saúde mental.
Especialistas dentro das ciências biológicas, cognitivas e neurológicas utilizaram, por exemplo, o biofeedback para analisar os efeitos da Arte Visual nos circuitos neurais e marcadores neuroendócrinos. Dessa forma, eles buscaram evidências biológicas de que a Arte Visual promove saúde, bem-estar e respostas adaptativas ao estresse.
Neurocientistas cognitivos descobriram, em outro estudo, que quando as pessoas criam Arte, isso, consequentemente, reduz os níveis de cortisol, hormônio diretamente envolvido na resposta ao estresse.
Em contrapartida, a produção de arte estimula a liberação de dopamina, que é o neurotransmissor, um produto químico, responsável por nossa sensação de satisfação e felicidade. Em suma, altos níveis desse neurotransmissor de bem-estar são muito úteis se uma pessoa está lutando contra a ansiedade ou a depressão.
Analogamente, ao se fazer algo prazeroso, como, por exemplo, desenhar, pintar ou esculpir, o corpo também libera endorfinas, que são substâncias químicas que trazem bem-estar, combatem o estresse e diminuem a dor. Em outras palavras, a prática das Artes pode ser usada para desenvolver a capacidade de gerenciar o bem-estar mental e emocional de alguém.
Neuroestética

Esses estudos que mostram como, por meio da Arte, as pessoas podem induzir estados mentais positivos são um novo campo de pesquisa conhecida como neuroestética. Ele se foca em estudar as bases neurobiológicas das Artes através da metodologia científica.
A neuroestética utiliza recursos como imagens cerebrais, tecnologia de ondas cerebrais e biofeedback para reunir evidências científicas de como respondemos às Artes. Por meio disso, os pesquisadores conseguiram dados físicos e científicos de que as Artes influenciam o cérebro de novas formas e, portanto, consegue acessar nossas emoções de um modo saudável, consequentemente, nos fazendo sentir bem.
Esse novo campo de estudo também conseguiu descobrir que o envolvimento com a Arte Visual ativa partes distintas do cérebro, diferentes daquelas relacionadas com o pensamento lógico e linear. Do mesmo modo, outro estudo apontou que a Arte Visual também ativa áreas visuais especializadas do cérebro.
Enfim, essas pesquisas demonstram que as Artes podem ser usadas para criar uma mudança cognitiva única em um estado de espírito holístico cujo nome é fluxo. Os estudiosos identificaram esse estado de engajamento ideal pela primeira vez em artistas. Ele é mentalmente prazeroso e neuroquimicamente recompensador.
Aspectos Cognitivos e Arte

Fora do âmbito da neuroestética, os principais periódicos da área também publicaram diversos estudos que trazem evidências também sobre os benefícios mensuráveis do estudo das Artes em outros aspectos cognitivos. Como, por exemplo, no desempenho acadêmico e desenvolvimento do pensamento inovador. Assim como na melhoraria das habilidades de resolução de problemas, do comportamento de liderança e nas habilidades sociais.
Aprender Arte, como já dissemos, é uma atividade relaxante e inspiradora para muitas pessoas. Contudo, os benefícios específicos da expressão artística vão muito além do relaxamento e do prazer.
Além desses ganhos, a produção artística consegue dar às pessoas um sentimento de autorrealização que é, consequentemente, muito importante para melhorar autoestima e confiança.
Ao aprender uma prática de Arte, as pessoas podem usar suas novas habilidades para manifestar de forma saudável seus sentimentos e medos. Algumas emoções complexas, como, por exemplo, tristeza ou raiva, não podem ser expressas apenas com palavras. Fazer arte é, em suma, uma ótima maneira de exprimir emoções sem palavras, processar esses sentimentos complexos e, portanto, encontrar alívio.
A Arte também pode se tornar, dessa forma, uma ferramenta para dar uma sensação de controle sobre a vida e o cotidiano, permitindo que as pessoas consigam compreender a si mesmas melhor e aprendam como se comunicar com os outros.
Conclusão
Com todos esses benefícios relacionados à Arte e Saúde Mental, recomendamos que conheça nossos cursos e os de nosso parceiro, Pátio Digital. Temos certeza que algum deles irá ajudá-los a desenvolver sua criatividade e melhorar seu bem-estar emocional.
Arte e Saúde Mental: Referências Bibliográficas
Seguem, enfim, as referências usadas no texto. Recomendamos para que possa, portanto, se profundar no tema, que leiam os artigos citados abaixo
Visual Art Making for Therapist Growth and Self-Care
Reduction of Cortisol Levels and Participants’ Responses Following Art Making
Neuroaesthetics: A Coming of Age Story
Artistic Creativity and the Brain
*Igor Clem é o autor das Fotos que ilustram neste texto.
Texto pela Professora Carol Cunha – formada em Cinema de Animação e Mestre em Psicologia, ambos pela UFMG.